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domingo, 15 de janeiro de 2012

Inteiro - Parte 5

Os cristalinos olhos azuis de Velen avaliaram Nobambo, que protestava:

– Eles não me ouvirão! Isso não é uma boa ideia!

Velen levantou o canto da boca com a mesma expressão que fizera Nobambo perceber que o conhecimento do profeta ia muito além da própria compreensão. – Após tudo por que passaste, tudo que superaste, estás realmente determinado a desistir agora?

– Não posso obrigá-los a me considerarem mais do que um krokul, apesar do que tenho a lhes ensinar.

– Talvez o verdadeiro problema não provenha deles.

“Os elementos disseram o mesmo”, lembrou o xamã.

Desde as conversas anteriores, Nobambo aprendera a não tentar adivinhar os pensamentos do profeta. Permaneceu em silêncio e aguardou.

Velen continuou:

– Consigo escutar os gritos que ecoam na tua mente, os lamentos das draenaias de Shattrath. Sei do peso em teu coração. Tu questionaste se tua partida era ou não uma ato de covardia.
Nobambo concordou, subitamente tomado de emoção, e o profeta completou:

– Uma parte de ti sabia, desde aquele tempo, que era imperativo que sobrevivesses, que mergulhasses no teu destino grandioso. E assim, ao longo de tantos testes, jamais desististe. Por isso escolhi-te. Por isso, os elementos escolheram-te. Nosso povo chama-te de krokul, de degredado, mas creio que tu representarás nossa maior esperança.

Velen pôs a mão sobre o ombro de Nobambo suavemente e pediu:

– Deixa-os ir. Deixa os gritos silenciarem.

Era verdade. Não era um covarde. Parte dele sabia, mas, com tudo que acontecera desde então, aquela porção dele havia se perdido. Nobambo suspirou profundamente. De alguma forma, estava certo de que, ao deitar-se naquela noite, não haveria pesadelos. Sentiu alegria nos elementos, como se eles estivessem... orgulhosos.

– Agora, pelo bem de todos nós, vai. Vai e aceita teu destino.

Nobambo voltou à plataforma. Os draeneis da assembleia conversavam entre si, prestando atenção nenhuma à frágil figura.

O xamã ergueu o cajado, e nuvens se formaram no céu azul, cobrindo com sombras todo o assentamento. Os draeneis silenciaram.

O chamado de Nobambo ecoou pelo pântano:

– Escutem e vejam.

Uma tempestade despejou-se sobre a praça. Relâmpagos saltaram por entre as lâmpadas do lugar, estilhaçando os vidros. Os draeneis, estarrecidos, observavam.

– Você estão aqui para aprender. Para, um dia, manipularem esses poderes, os poderes dos xamãs – Nobambo conclamou a multidão.

– Mas o xamanismo é uma prática dos orcs! – gritou um dos presentes, seguido por outros.
– Sim. Uma prática que eles abandonaram para comungar com demônios. Seguiremos agora a senda dos xamãs, um caminho que nos conduzirá a um futuro em que ninguém matará nossas mulheres... – Nobambo deteve-se, mas manteve a voz firme – nem nossas crianças. Um mundo em que krokuls e incólumes trabalharão juntos para realizar um sonho há muito esquecido por nosso povo: liberdade legítima.

Os membros da assembleia entreolharam-se, buscando aprovação nos rostos alheios, avaliando resistências. Por fim, chegaram à mesma conclusão: ouviriam as palavras de Nobambo.
– A jornada começa com estas simples palavras...

Nobambo riu. Nuvens ondularam. Relâmpagos correram e a chuva desabou ainda mais.

– Tudo que existe, tem vida.

Um comentário:

  1. Você tem tirado esse post de algum livro?? Pois todos os que eu conheço referentes a Wow tirando o do RPG estão em inglês, já li um pouco de alguns. Se você está traduzindo está ficando muito bom, e mesmo se tirou de algum lugar. Muito bom o Post, Parabéns.

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